Programas de Deteção e Retenção de Talentos no Atletismo em Portugal: Uma Corrida sem Rumo



O atletismo em Portugal sempre teve um potencial considerável para produzir talentos excepcionais. Contudo, a gestão e implementação de programas de deteção e retenção de talentos têm sido, no mínimo, desafiadores. Analisemos com espírito critico os três programas promovidos pela FPA: o Daily Mile, o Fit Radar e o Kids Fit.

Daily Mile: Uma Corrida Diária para Lugar Nenhum

O Daily Mile é um programa que visa incentivar as crianças a correr ou caminhar uma milha por dia nas escolas. Embora a ideia de promover a atividade física seja louvável, a falta de direcionamento para o atletismo federado é notória. Correr uma milha por dia não é, por si só, a melhor forma de identificar e desenvolver talentos no atletismo. O programa não oferece uma transição clara para as estruturas competitivas do atletismo e, portanto, falha em aproveitar o potencial das crianças que demonstram talento genuíno. O controlo da FPA no programa é zero. Não há registo de actividades, não há contacto permanente com as Escolas e as estruturas mais importantes da modalidade, os clubes, são deixados de lado.

Fit Radar: Um Rastreio sem Follow-Up

O Fit Radar é mais um projeto lançado com entusiasmo como um programa de deteção de jovens talentos no atletismo. No entanto, a sua implementação deixou muito a desejar. O Programa foca-se na divulgação do atletismo de forma muito esporádica, em ferias como a Futurália ou outras. As Associações e os Clubes não são chamados ao programa, a fazer parte dele e a desenvolve-lo em diversos ambientes.  A falta de coordenação e comunicação entre o programa e as estruturas federadas de atletismo é, no mínimo, frustrante. Os resultados os testes não são analisados e não é feita a transição para clubes e treinadores.


Kids Fit: Um Exercício em Futilidade

O Kids Fit é outro exemplo de programa que, embora promova a atividade física entre as crianças, falha em aproveitar verdadeiramente o potencial de atletismo. Embora as crianças possam ficar em melhor forma física, o programa não oferece oportunidades significativas para identificar talentos reais no atletismo. A ausência de um plano de transição eficaz para o atletismo federado é uma falha significativa que mina o potencial do programa.


A Falta de Consistência nas Ações

Um dos problemas mais prementes com esses programas é a falta de consistência nas ações. Embora haja boas intenções por trás de cada programa, a falta de coordenação e de um plano unificado para a transição de jovens talentos para o atletismo federado é gritante. Os programas são como peças isoladas de um quebra-cabeça, sem uma imagem completa para os jovens talentos. Falta-lhes documentação de suporte, falta-lhes visão e estratégia e controle.

Em conclusão, os programas de deteção e retenção de talentos no atletismo em Portugal, como o Daily Mile, o Fit Radar e o Kids Fit, têm mostrado sérias falhas na sua implementação. A falta de consistência nas ações e a ausência de um plano claro para a transição dos jovens talentos para o atletismo federado são questões que precisam ser abordadas urgentemente. Se Portugal quer verdadeiramente aproveitar o seu potencial no atletismo, é necessário um esforço coordenado e consistente para identificar e desenvolver os talentos desde tenra idade até ao nível federado. Caso contrário, continuaremos a correr numa pista sem destino definido.

As tentativas de Jorge Vieira em deixar a sua marca da história do Atletismo continuam a sair frustradas. Consegue conceber ideias mas falha a 200% na implementação e na consistência, partindo para outro e outro projecto sem antes concretizar o anterior.

Ao contrário do seu antecessor, Fernando Mota, que deixou trabalho feito na deteção de talentos com a Campanha Viva o Atletismo, programa ainda em vigor e que vai salvando alguns talentos de serem desperdiçados, com o Mega Sprint, numa ligação estratégica à Escola e ao Desporto Escolar, ou o Kids Athletics, Jorge Vieira deixa um número infinito de projectos que poderiam ter sido muito bons, mas que não passam de ideias soltas.

Comentários

  1. Foram 12 anos de estagnação nalguns vetores e de regressão noutros, em termos de ação estratégica federativa. Será este o legado deste presidente que está na federação desde meados dos anos 80 e que foi o principal usufrutário, em termos pessoais, da militância e visão do anterior presidente. Só ele mesmo é que ganhou, e bem, com o cargo que tem (bem mal para a modalidade) desempenhado.

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